Os autores esperam que a compreensão desse mecanismo possibilite instilar a mesma habilidade em humanos no futuro.

Pesquisadores da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha) realizaram uma análise genética das espécies de rios e cavernas dos peixes Astyanax mexicanus, também chamados de tetras mexicanos. Eles isolaram um gene que acreditam permitir a cura de danos ao tecido cardíaco. O trabalho foi publicado na revista Cell Reports.
De acordo com estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS), 17,5 milhões de pessoas morrem de doenças cardiovasculares a cada ano. Se a vítima consegue se recuperar de um ataque cardíaco, a estrutura de seu tecido cardiomuscular se enfraquece: algumas células morrem na ausência de oxigênio, o que leva à formação de cicatrizes. Esses danos se refletem no funcionamento de todo o sistema vascular. No entanto, existem organismos que são capazes de reparar o tecido cardíaco defeituoso. Os cientistas estão tentando descobrir seu segredo.
Um milhão e meio de anos atrás, os ancestrais dos modernos tetra peixes, que viviam nos rios do norte do México, se separaram. Alguns deles acabaram em cavernas, onde permaneceram para morar. Centenas de milhares de anos de evolução dotaram essas duas subespécies de diferenças significativas. Assim, os peixes das cavernas perderam a cor e a visão, junto com a capacidade de restaurar o tecido cardíaco, mas os peixes do rio os mantiveram. Este exemplo criou as condições ideais para identificar aqueles genes que promovem a regeneração.

Comparação de subespécies / © Cell Reports
Os autores compararam a expressão gênica das duas subespécies na presença de lesão cardíaca. Eles observaram dois que eram significativamente mais ativos em peixes de rio. Um deles - lrrc10 - é conhecido por estar associado à cardiomiopatia dilatada - uma doença do miocárdio. Para determinar o papel do gene no reparo, os biólogos voltaram sua atenção para os peixes Danio rerio, que também o possuem e são capazes de curar feridas cardíacas. Eles desativaram o lrrc10 nesses peixes e notaram que eles não podiam mais regenerar completamente o tecido danificado.
Os pesquisadores sugerem que esta descoberta servirá como o primeiro passo para a criação de um mecanismo que permite às pessoas se recuperarem totalmente de um ataque cardíaco e aumentar sua expectativa de vida subsequente.
No verão, pesquisadores da Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas John A. Paulson de Harvard usaram a técnica de torção de biopolímeros para criar um ventrículo cardíaco artificial. Eles fizeram orifícios no tecido para simular um infarto do miocárdio e estudaram os efeitos em uma placa de Petri.