O microbioma intestinal canino está mais próximo do dos humanos do que nos organismos-modelo tradicionais, como ratos e porcos.

Cientistas do Laboratório Europeu de Biologia Molecular (EMBL) e da Nestlé Research examinaram o microbioma intestinal de cães domésticos, descobrindo que ele está mais próximo da microflora humana do que de ratos e porcos. Eles relatam isso em um artigo publicado na revista Microbiome.
Os autores estudaram o "perfil genético" da microflora, mostrando que a composição de proteínas e carboidratos dos alimentos tem um efeito semelhante em humanos e cães de diferentes raças e sexos. Como nós, os cães obesos são mais sensíveis a uma dieta rica em proteínas do que os animais com peso normal. Por outro lado, em cães e humanos, a microflora intestinal normal e saudável é mais estável.
64 cães foram selecionados para os experimentos: beagles e retrievers igualmente, ambos com índice de massa corporal normal e aumentado. Eles foram alimentados com ração comum para cães por um mês e depois divididos em dois grupos. No mês seguinte, o primeiro recebeu alimentos com alto teor protéico e redução de carboidratos, e o segundo, pelo contrário. Os cientistas isolaram o DNA bacteriano de suas fezes e catalogaram cerca de 1,25 milhão de genes.
Esse "perfil genético" foi então comparado com dados semelhantes para humanos, porcos e camundongos. Para a surpresa dos cientistas, acabou sendo o mais próximo do "perfil" da microflora humana - apesar do fato de que camundongos ou porcos são tradicionalmente usados em estudos de obesidade. “Nosso trabalho mostra que os cães podem ser um modelo melhor”, diz o coautor Luis Pedro Coelho. "Eles podem ser usados para estudar os efeitos da dieta na microflora humana, e os humanos podem ser um bom modelo para estudar a nutrição canina."